O Fio da Meada
Sexta Linha ___ ___ O
Quinta Linha ___ ___ I Ching
Quarta Linha ___ ___ do
Terceira Linha _______ Caminho
Segunda Linha _______ do
Primeira Linha _______ Céu
Janine Milward
SEGUNDO VOLUME
Os Hexagramas compostos por K'un, a Terra,
a Mãe, o Receptivo, o Abranger, o Devocional, a Não-Luz, o Vazio
a Planície, o Povo
Editora Estrela do Belém
O Fio da Meada
I Ching do Caminho do Céu
Janine Milward
Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada

O Caminho do Céu
de K'un, a Terra, a Mãe, até Ch'ien, o Céu, o Pai
perpassando por todos os Filhos:
Nossa consciência é atada à Terra, a Mãe, K'un, o lugar onde estamos. Nossa consciência em ampliação faz acontecer a Montanha, o Mestre, Ken, a Quietude, o homem que busca sua realização dentro de seu Caminho da Iluminação e da Imortalidade ou Liberação até se tornar Homem Sagrado. A Terra e a Montanha realizam-se, enquanto Vida manifestada e encarnada, através a possibilidade de vida que é doada pela Água, K’an, a Água, que traz consigo a Sabedoria e vai buscando por todos os lugares. A vida manifestada é então não somente vivenciada pela terra, pela rocha e pela água mas também pela madeira, em Sun, o Vento, a Madeira, e esta vegetação é levada adiante pelo vento e eclode a vida, desabrocha a vida através Chen, o Trovão, o Incitar, que acaba trazendo o Fogo, Li, para a terra, ampliando a consciência do Homem que já se encontra entre o Céu e a Terra. Esta expansão da consciência acontece através seu espelhamento permitido por Tui, O Lago, que espelha Ch'ien, o Céu, o Pai, o Criativo, o doador da vida infinitizada e iluminada à K'un, a Terra, o Receptivo.

A Terra acolhe a Terra,
formando K'un, O Receptivo, A Mãe, A Terra,
formando K'un, O Receptivo, A Mãe, A Terra,
O Devocional
Janine Milward
O
Caminho é o Vazio
Lao Tse,
Capítulo 4 do Tao Te Ching
Entra em cena, K’un, A Terra, A
Mãe, O Vazio, A Não-Luz, A Obscuridade, A Devoção, O Receptivo, O Abranger, O
Acolher, A Abnegação, A Humildade, A Paz, A Pureza, A Retidão, A Bondade, A
Perseverança, A Docilidade, O Povo, O Reino, O Coletivo, As Massas, A Planície,
o Vale o Prado.
K’un, A Terra, encontra-se consigo mesma formando o Hexagrama K’un, O Receptivo, inaugurando os 64
Encontros de Imagens ou 64 Hexagramas do I Ching do Caminho do Céu – do Céu
Anterior, do Mundo do Não-Manifestado. O
Fio da Meada é K'un, a Terra, que desvendará, um a um, todos os demais
Hexagramas, até concluir sua missão ao encontrar-se com Ch'ien, o Céu.
São os seguintes os
posicionamentos de K'un, a Terra, o Receptivo, nos Caminhos do Céu e da Terra
no I Ching do Mundo da Não-Manifestação:
-
No Caminho do Céu - que começa em K'un, a Terra e conclui em Ch'ien, o
Céu - este é o Hexagrama 0.
-
No Caminho da Terra - que começa em Ch'ien, o Céu, e conclui em K'un, a
Terra -, este é o Hexagrama 63.
No I Ching do Mundo da
Manifestação, este é o Hexagrama 2.
___ ___
___ ___ K’un, A Terra, Trigrama Visitante, no Trigrama do Céu
___ ___
___ ___
___
___ K’un, A Terra, Trigrama Primordial, no
Trigrama da Terra
___ ___
Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 42 do
Tao Te Ching:
O Caminho gera o um
O um gera o dois
O dois gera o três
O três gera os dez mil seres.
Os dez mil
seres se cobrem com o obscuro e abraçam o claro
E se harmonizam através do esplendido sopro.
O
Caminho, o Tao, é o Absoluto, é o esplendido sopro, é o zero, é o próprio Mundo
da Não-Manifestação. Quando o Caminho
realiza o Portal e realiza o Mundo da Manifestação, o um é gerado e é imajado
pelo Criativo, o Céu, o Sublime Yang, o Pai, com sua Linha Contínua, trazendo a
Luz - o claro que é abraço pelos dez mil seres, pela Criação. Sabendo que o um gera o dois, vemos então o
Criativo gerando o Receptivo, a Terra, o Sublime Yang, a Mãe, com sua Linha
Vazada, trazendo a Não-Luz - o obscuro que cobre os dez mil seres que são
realizados a partir do três, ou seja, da fusão entre Criativo e Receptivo,
fazendo acontecer a Criação.
Por tudo
isso, encontramos, no I Ching
do Mundo da Manifestação, o Criativo, o Céu,
ocupando a posição de Hexagrama 1 e encontramos o Receptivo, a Terra, ocupando
a posição de Hexagrama 2.
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
Ch'ien, o Criativo K'un, o Receptivo
Hexagrama 1 Hexagrama 2
A partir
do Hexagrama 3, entram em cena os Filhos realizando os entrelaçamentos
familiares - sendo que os Hexagramas 11 e 12 (ainda conservando os temas dos
números 1 e 2), apresentam o entrelaçamento entre Criativo e Receptivo, em Tai,
a Paz, e em P’i, Estagnação.
___
___ _______
___
___ _______
___
___ _______
_______ ___ ___
_______ ___ ___
_______ ___ ___
Tai, Paz P’i, Estagnação
Hexagrama 11 Hexagrama 12
No I Ching do Caminho do Céu, encontraremos K'un, a Terra, o
Receptivo, realizando-se enquanto o Fio da Meada
e encontrando-se consigo mesmo através o Hexagrama K'un, o Receptivo,
Terra acolhendo Terra, Terra sobre Terra, inaugurando os 64 Encontros de
Imagens ou 64 Hexagramas do I Ching do Caminho do Céu – do Céu Anterior, do
Mundo do Não-Manifestado.
Entra em cena, K’un, A Terra, A
Mãe, O Vazio, A Não-Luz, A Obscuridade, A Devoção, O Receptivo, O Abranger, A
Abnegação, A Humildade, A Paz, A Pureza, A Retidão, A Bondade, A Perseverança,
A Docilidade, A Maleabilidade, A Obediência, a Maturidade, O Povo, O Reino, O
Coletivo, As Massas, A Planície, o Vale, o Prado.
___ ___
___ ___ K’un, A Terra, Trigrama Visitante, no Trigrama do Céu
___ ___
___ ___
___
___ K’un, A Terra, Trigrama Primordial, no
Trigrama da Terra
___ ___
K’un, A Terra, é a própria significação do Trigrama da Terra.
O Trigrama da Terra, ou Trigrama
Primordial, ou Trigrama Inferior, ou Trigrama Interno, é aquele que não apenas
dá sustentação ao Hexagrama em si – por representar a própria Terra, a base, a
estrutura -, como também quase sempre nos traz a idéia de algo que se encontra
velado, ainda não revelado; coberto, ainda não descoberto; interiorizado,
pessoalizado, singularizado.
Diferente do Trigrama do Céu que –
por representar o próprio Céu – o Trigrama do Céu é aquele que repousa sobre a
base, a estrutura do Hexagrama em si, como também nos traz, quase sempre, a
idéia de algo que se encontra revelado e não-velado, descoberto e
não-coberto; exteriorizado,
coletivizado, pluralizado.
Sendo assim, em K’un, O Receptivo, Terra sobre Terra,
existem essas duas qualidades de Trigramas a serem vivenciadas pela Abnegação,
pela Humildade, pela Receptividade e Abrangência de K’un, A Terra.
As Virtudes de K’un, A Terra, são as qualidades
essenciais do Homem Sagrado. E essas qualidades devem ser vivenciadas tanto
dentro dos preceitos da Terra como do Céu.
Na Terra, as Virtudes de K’un, A Terra, A Não-Luz, levam o Homem
Sagrado à compreensão sobre a consagração de seu corpo físico, elevando-o a
altos níveis de espiritualidade a ponto de torná-lo um Corpo de Luz - que é o
processo de mutação de toda a matéria existente no universo - e libertá-lo da
Roda da Vida.
Luz é matéria e assim sendo, é
dentro da Terra, da matéria, da encarnação real e vivenciada, que o Homem
Sagrado atinge sua Iluminação e sua Liberação, sua Imortalidade, sua Luz
própria – sua Consciência infinita e sua Vida infinita!
No Céu, as Virtudes de K’un, A Terra, levam o Homem Sagrado a
realizar sua obra, seu nome, sua vida e retirar-se... ou seja, praticar a
Virtude da Humildade.
O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Tao
E o Tao (o Caminho) se orienta por sua própria natureza.

O Julgamento
No I Ching do Caminho do Céu, K’un, O Vazio, A Terra, vai deixando que
a Luz do sublime Tao, emanada por Ch’ien,
O Céu, O Criativo, a preencha por inteiro – e dessa forma, todos os Filhos
e Filhas vão surgindo, perfazendo todos os degraus desse Caminho.
Quando finalmente K’un, A Terra, alcança Ch’ien, O Céu, dá-se a transmutação
total do Vazio da Não-Luz em Luz Plena: a Terra retira seu corpo... para
tornar-se um Corpo de Luz!
"Concluir
o nome, terminar a obra,
retirar
o corpo – este é o Caminho do Céu." (2)
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___
_______
K’un, A Terra Ch’ien, O Céu
Para tanto, para realizar tão
grande tarefa, o I Ching nos diz no Julgamento:
"O Receptivo traz sublime sucesso, propiciado através da
perseverança de uma égua."
Em Ch’ien, O Céu, O Criativo, menciona-se o dragão. O dragão voa nos
céus.
Em K’un, A Terra, O Receptivo, menciona-se a égua. A égua vive na
terra. Na realidade, a vaca é o animal de K’un,
A Terra, em função de sua mansidão, de sua docilidade. No entanto, quando
se trata do Hexagrama K’un, O Receptivo,
a Terra repetida no Trigrama da Terra e no Trigrama do Céu nos traz a idéia de
vastíssima extensão de terra – e nesse caso, é a égua, animal terrestre e
rápido, que é mencionada no Julgamento.
Outras Virtudes também pertencem a
K’un, A Terra, como a não-ação, o
não-desejo, o desapego, a simplicidade....
O
Caminho é uma constante não ação
Que nada
deixa por realizar
Se reis
e príncipes pudessem resguarda-lo
Os dez
mil seres iriam se transformar por si.
Porém,
se nada transformação despertassem desejos
Eu iria
estabilizá-los através da simplicidade do sem-nome
A
simplicidade do sem-nome também se inicia no não-desejo.
Não-desejo
para se tornar quieto
E o céu
e a terra, por si, estarão em retidão (3)
No I Ching, se diz no Julgamento: "Se o homem superior empreender algo e
tentar dirigir, ele se desviará"
Assim, a não-ação e o não-desejo
são essenciais de serem compreendidos. A não-ação não significa nada fazer.
Significa fazer o que e quando deve ser feito de acordo com a naturalidade do
momento. É a "Misteriosa Virtude".
E fundamentalmente, fazer, realizar, sem se apegar, sem querer para si –
esse é o não-desejo.
"O
que gera e cria,
gera mas
sem se apossar
age sem
querer para si
Cultiva
mas sem dominar
Chama-se
"Misteriosa Virtude" (4)
O I Ching continua, no Julgamento:
"porém, se ele
seguir, encontrará orientação."
Dentro da não-ação, de acordo com
a naturalidade do momento e das circunstâncias, algo deve ser realizado....
Primeiramente, a ação, a realização, são Virtudes de Ch’ien, O Céu, O Criativo.
À Terra, K’un, cabe ser conduzida,
através da Docilidade e da Abnegação que lhes são essenciais. Dessa forma, a
orientação encontrada virá através do seguir
o silêncio, a calma, a paz interior, a interiorização, a devoção, a docilidade,
a abnegação, a receptividade, a meditação,
o sentar-se no silêncio.
O CÉU ANTERIOR - WU CHI -
O MUNDO DA NÃO-MANIFESTAÇÃO
O CÉU POSTERIOR - TAI CHI -
O MUNDO DA MANIFESTAÇÃO
"É favorável encontrar amigos a oeste e ao sul, evitar
amigos a leste e ao norte".
Nessa parte do Julgamento, nós
somos remetidos ao Mapa do Mundo da Manifestação ou Céu Posterior onde
encontramos Li, O Fogo, O Sol, O Espírito,
ocupando o lugar do sul, do verão, do meio-dia, do sol a pino. No oeste,
encontramos Tui, O Lago, A Alegria, O
Espelho, o outono, o cair da tarde, o
por do sol, a retirada....
No sul e no oeste são encontrados
amigos com quem realizar o empreendimento porque são levados em consideração o
fator trabalho a ser realizado até o
final, ou seja, o trabalho a ser
realizado pertence ao verão, ao momento de luz do dia, à força empregada e
direcionada. A finalização desse trabalho
pertence ao outono, ao momento do final do dia, ao descanso da força de
trabalho.
Por outro lado, no leste e no
norte, amigos devem ser evitados....
Não devemos nos esquecer que, no
Mapa do Mundo da Manifestação, K’un, A
Terra, ocupa o lugar do sudoeste e que Ch’ien,
O Céu, ocupa o lugar do noroeste, quando Terra e Céu se retiram de seus
postos norteadores (no Mapa do Mundo da Não-Manifestação, Ch'ien, o Céu, assume
o Sul,o Verão, enquanto K'un, a Terra, assume o Norte, o Inverno) e assumem
posições mais simples: a Terra antes do por do sol, antes do final, antes do
término, antes da retirada, no sudoeste; e o Céu, depois do por do sol,
trazendo a noite, depois do término, depois da retirada, no noroeste.
No entanto, A Terra ainda continua
fazendo parte da integração da natureza da Luz – Luz é matéria – e o Céu
continua atuando dentro da Não-Luz para fazer um novo universo, ou dia,
acontecer! Dessa forma, Ch’ien, O Céu,
o Criativo, em seu posto no noroeste, já inspira o norte (K’an, A Água), o inverno, a meia-noite, a realizar o verdadeiro
final para dar início ao verdadeiro re-começo no leste (Chen, O Trovão), na primavera, no raiar do dia, no nascer do sol
para uma nova realização de vida acontecer sob a égide de K’un, A Terra, levar a cabo seu trabalho – sem dirigi-lo.
Ou seja, sempre dentro da
plenitude da Luz já existe a premissa da entrada em cena da Não-Luz: assim se
dá o Tai Chi, o Mundo da Manifestação, em seu Eterno Retorno.
Sendo assim, K’un, A Terra, O Receptivo, procura amigos que lhe ajudem no trabalho de feitura e finalização daquilo que já existe, sob a inspiração de
Ch’ien, O Céu (que, por sua vez, fará
acontecer os novos começos a partir do leste, em Chen, o Trovão).
Lao Tse nos diz, em seu Capítulo
42 do Tao Te Ching:
Os dez mil
seres se cobrem com o obscuro e abraçam o claro
E se harmonizam através do esplêndido sopro.
É também importante observamos que
são as Filhas que rodeiam K’un, A Terra, no Mapa do Céu
Posterior.... e a energia feminina é Yin
e Receptiva. Também a parte superior que vai do Leste passando pelo Sul e
finalizando no Oeste, do Mapa do Mundo da Manifestação – que é a parte do dia e
do trabalho - é toda tomada pelo setor feminino da Família do Céu e da Terra;
enquanto a parte inferior, que vai do Oeste, passando pelo Norte e finalizando
no Leste – a parte da noite e do repouso - é toda tomada pelo setor masculino, Yang e Criativo!
Por
estas razões, o I Ching diz, no Julgamento: "É favorável encontrar amigos a oeste e ao sul, evitar
amigos a leste e ao norte". Ou seja,
a Terra, K'un, é sempre energizada pela energia masculina, sim, porém conta com
a atuação de trabalho da energia feminina.
Estas
questões da feminilidade e da masculinidade - entre Mãe e Pai e Filhos -
atuando nas partes superior e inferior do Mapa do Mundo da Manifestação,
acontecem de forma mais acentuada e de maneira que possamos compreender melhor,
através do Hexagrama formado pela Terra, K'un, o Receptivo, a Não-Luz, ocupando
o Trigrama do Céu, e pelo Céu, Ch'ien, o Criativo, a Luz, ocupando o Trigrama
da Terra, em Tai, Paz:
___
___
___ ___
___ ___ Trigrama do Céu, em K'un, a Terra, o Receptivo
_______
_______
_______ Trigrama da Terra, em Ch'ien, o Céu, o Criativo
___ ___
___ ___ Trigrama do Céu, em K'un, a Terra, o Receptivo
_______
_______
_______ Trigrama da Terra, em Ch'ien, o Céu, o Criativo
Tai, Paz
Em Tai,
Paz, Terra sobre Céu, veremos que a Receptividade de K'un, a Terra, a Mãe,
apresenta-se ao mundo de forma bem Devocional, Abnegada, sim, em sua Não-Ação,
porém sendo energizada intensamente pelo posição interiorizada da Luz e da
Criatividade e da Força que vemos acontecendo em Ch'ien, o Céu, o Pai.
Por tudo isso, o I Ching conclui o
Julgamento: "Uma
perseverança tranqüila traz boa fortuna"

A Imagem
As imagens superpostas de K’un, A Terra, nos traz duas vezes a
idéia de Espaço: Espaço na Terra e Espaço no Céu.
O Espaço do Trigrama da Terra pode
ser entendido como aquele onde estamos assentados e estruturados.
O Espaço do Trigrama do Céu nos
traz as Virtudes de K’un, A Terra,:
Devoção, Receptividade, Perseverança, Simplicidade, Abrangência, Humildade,
Interiorização.... a serem vivenciadas por nós em nossa encarnação nesse
Planeta de materialização...
Também as imagens repetidas de K’un, A Terra, nos remete à própria
natureza da terra, feita de terras mais altas, terras mais baixas....
A Terra, K’un, em sua Simplicidade, lembra o vale, o lugar
mais fundo, mais interiorizado – a consciência do Vazio.
O
Espírito do Vale nunca morre
Isso se
chama Orifício Misterioso
A porta
do Orifício Misterioso
É a raiz
do céu e da terra
Seja
suave e constante
Usufruindo
sem se apressar (5)
Por tudo isso, no Texto da Imagem,
se lê: A condição da terra é a
devoção receptiva. Assim, o homem
superior, com sua grandeza de caráter, sustenta o mundo externo.

Trigramas e Hexagrama Nucleares
Os Trigramas Nucleares inseridos são também a Terra repetida, K'un,
a Não-Luz - reforçando o Tema da Receptividade, da Abnegação, da Devoção, do Povo.
O Espírito do Vale e O Orifício
Misterioso são imagens que novamente surgem quando revelamos esses Trigramas
Nucleares.
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___
___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___
K’un, A
Terra, K’un, A Terra, K'un, a Terra,
O
Receptivo O
Receptivo O Receptivo
"A
abrangência da Virtude do Orifício,
é seguir
apenas o Caminho" (6)
Sendo o Espírito do Vale a
consciência do Vazio, essa consciência, K’un,
A Terra, alcança a extremidade da extremidade do universo, onde o Revirão
do Universo – O Orifício Misterioso - atua. Esse é o lugar da essência da Luz
manifestada através de Ch’ien, O Céu.
Para se alcançar o Orifício
Misterioso, é preciso viver as Virtudes de K’un,
A Terra, O Abranger, O Vazio.

As Linhas
O I Ching nos acautela quanto ao
mal que pode se esconder dentro das Linhas Yin
consideradas "obscuras", sem luz. Essa prudência acontece devido ao
fato de que K’un, A Terra, dentro do Mapa do Mundo da
Não-Manifestação ou Céu Anterior, ocupa o lugar do inverno ou do limite máximo
do aparente caminho do sol durante seu trajeto anual.... Esse limite, no oeste
do hemisfério norte, é onde se situa o sudoeste - que é para onde K’un, A Terra se muda, se retira, quando do Mapa do Mundo da Manifestação
ou Céu Posterior.
Sendo assim, o caminho ascendente
das Linhas vai nos indicar que prudência, cautela, humildade e perseverança são
fundamentais para se atingir o término – para que novo começo possa acontecer
com o retorno do sol em seu caminho em direção ao verão de Ch’ien, O Céu (no Mapa do Céu Anterior) e que se situa no noroeste
(no Mapa do Céu Posterior).
A Primeira e a Sexta Linhas são as
que mais são avisadas em relação a esse inexorável término: no caso da Primeira
Linha, a previsão cautelosa quanto ao final; no caso da Sexta Linha a
obrigatoriedade do retorno. A Terceira e a Quarta Linhas temem a transição
entre o Trigrama da Terra e o Trigrama do Céu porque não vêem nada, nem atrás
nem adiante.... é um salto no escuro...
A Segunda e a Quinta Linhas nada temem e conservam-se iluminadas dentro do
Vazio, abraçadas à Virtude da Humildade.
A Linha Governante é a Segunda Linha - Lugar Yin do Homem da Terra
no Trigrama da Terra.

Linha a
Linha
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___ A Primeira Linha
A Primeira Linha, Terra do
Trigrama da Terra, nos revela os primórdios do outono que trará o inverno
consigo. K’un, A Terra, no Mapa da
Seqüência do Céu Posterior, encontra-se no lugar do sudoeste, o amadurecimento
da vida, a preparação para o outono, para o recolhimento e para o sono profundo
do inverno, da noite, da vida.
Assim, o I Ching diz: "Quando se caminha pela geada, o gelo
sólido não estará longe"
O gelo pertence ao inverno, que é
o lugar de K’an, A Água, O Mistério, O
Perigo, O Norte, O Sono Profundo. Dessa maneira, K’un, A Terra, na Primeira Linha do
Trigrama da Terra, deve preparar-se e acautelar-se em relação ao futuro – mesmo
que este ainda esteja distante e não visível... Previsão correta e cautela são
os bons conselhos dessa Linha.
A fragilidade da Primeira Linha se
dá pelo fato de ser Yin – quando essa
Linha, idealmente, é Yang. Se fosse Yang, sairia da inação, Linha Yin, para a ação, Linha Yang, formando então o Hexagrama Fu, O Retorno da Luz.
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
_______
Fu, O
Retorno da Luz
A verdade é que este Hexagrama, Fu, O Retorno da Luz, somente irá
acontecer após a escalada das seis etapas das Linhas Yin do Hexagrama K’un, O
Receptivo, acontecer...
Essa é, então, a esperança trazida
para a Primeira Linha: apesar de não estar ainda ciente dos perigos que virão,
estes certamente virão e serão superados através da previsão correta, da
cautela e fundamentalmente da não-ação
– Virtude de K’un, A Terra – (que
será ratificada na Segunda Linha) para a ação correta no tempo certo novamente
poder acontecer, trazendo um novo tempo, um novo Hexagrama!
Os
homens na realização de suas atividades
sempre
fracassam em suas quase-conclusões.
Cautela
tanto no fim quanto no princípio
Conduz à
atividade sem fracasso. (6)
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___ A Segunda
Linha
___ ___
A Segunda Linha é a Linha
governante do Hexagrama. É a Linha do Homem da Terra e K’un, A Terra, é o próprio Trigrama da Terra.
Sendo Terra, o I Ching diz: "Reto, quadrado, grande". A Terra é
simbolizada como um quadrado e o Céu como um círculo. Como curiosidade, as
melhores e mais adequadas moedas para se jogar o Oráculo do I Ching, são
aquelas (antigas) moedas redondas com um buraco quadrado no centro...dessa
forma, Céu e Terra estarão sendo representados.
O I Ching continua: "Sem propósito porém nada permanece
desfavorecido"
A Linha do Homem da Terra, em K’un, O Receptivo, a Linha do homem
simples, do funcionário do reino, do discípulo que está sendo acordado a viver
seu Caminho do Céu, é uma posição que se deixa simplesmente viver, com
humildade e não-ação, sendo orientada pelo Sopro do Tao em sua abrangência e docilidade.
Sendo uma Linha Yin e correta, isto é, em lugar idealmente
Yin, a não-ação é o seu curso correto
de ação. A não-ação não significa nada fazer,; significa sim, deixar que o
universo flua e a ação correta é se deixar fluir junto com o universo, vivendo
a vida a cada dia, a cada instante, no aqui e agora. Assim, nada permanece desfavorecido.
Quando o I Ching diz: "Sem propósito", ele quer
significar que a Segunda Linha, mesmo sendo idealmente correta, Primeiramente
encontra-se bastante distante das motivações externas, na medida que é ainda
coberta por outras quatro Linhas também Yin
e obscuras.
Em segundo lugar, a Segunda se
corresponde naturalmente com a Quinta Linha, que idealmente deveria ser Yang (para lhe trazer o propósito, a
motivação). Sendo, na verdade, a Quinta Linha também Yin, esse propósito, essa motivação, essa conscientização -
normalmente advinda da consciência iluminada da Quinta Linha.... -, somente
ratificam a necessidade de se manter a vida na atitude da não-ação, a Virtude
do Homem Sagrado em K’un, O Receptivo.
O
Caminho é uma constante não-ação
Que nada
deixa por realizar
Se reis
e príncipes pudessem resguardai-lo
Os dez
mil seres iriam se transformar por si.
Porém,
se nada transformação despertassem desejos
Eu iria
estabilizá-los através da simplicidade do sem-nome
A
simplicidade do sem-nome também se inicia no não-desejo.
Não-desejo
para se tornar quieto
E o céu
e a terra, por si, estarão em retidão (2)
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___ A Terceira
Linha
___ ___
___ ___
A Terceira Linha de K’un, O Receptivo, é Yin e idealmente incorreta, pois se
encontra em posição de ação, de Linha Yang,
para ter a força necessária para realizar a transição entre Terra e Céu, entre
o Trigrama da Terra e o Trigrama do Céu.
Sendo assim, essa transição deve
ser realizada com perseverança, quase como numa obscuridade, numa dificuldade
de conscientização da situação – desde que o Trigrama do Céu também traz três
Linhas Yin e obscuras.
Por isso, o I Ching diz: "Linhas ocultas. Alguém é capaz de permanecer perseverante".
E continua: "Se acaso você está a serviço de um
rei, não procure trabalhos, porém leve à conclusão".
O rei é a
consciência iluminada, conquistada no Trigrama do Céu, principalmente com a
Quinta Linha, como já aprendemos anteriormente.
Os trabalhos, no
plural, significam a multiplicidade ou pluralidade que a própria Linha Yin e Vazada traz consigo: K’un, A Terra, é mãe de todo o universo
e de toda a criação! Porque a Terceira Linha é idealmente Yang, o I Ching pede que ela não se perca enredada em pluralidade
de intenções, mas apenas se concentre em uma só intenção (Linha Yang e Contínua), ou seja, na sua
intenção de se colocar a
serviço de um rei (a
consciência iluminada) – assim como a Quarta Linha faz, o ministro que se
coloca a serviço do rei, a Quinta Linha.
Dessa forma, mesmo que a Terceira
Linha se sinta ocultada pelas Linhas Yin
do Trigrama do Céu, ela deve permanecer perseverante em levar à conclusão sua
empreitada, que é a de realizar a transição entre a Terra e o Céu, entre o
Trigrama da Terra e o Trigrama do Céu.
___ ___
___ ___
___ ___ A Quarta
Linha
___ ___
___ ___
___ ___
A Quarta Linha já realizou a
transição entre a Terra e o Céu, porém ainda se sente "amarrada" em
seu Caminho do Céu. Sendo assim, o I Ching diz: "Saco amarrado. Nenhuma culpa. Nenhum elogio"
A expectativa da Quarta Linha é de
que a Quinta Linha, a Linha da consciência iluminada, seja Yang e Contínua e preferivelmente, a Linha governante do Hexagrama.
Como isso não acontece em K’un, o
Receptivo (Nenhuma culpa), a Quarta
Linha – mesmo que em posição idealmente correta (Linha Yin em posição Yin),
sente-se contraída e desestimulada (Nenhum elogio) em sua ação de acompanhamento da próxima
Linha, porém faz o que deve uma Linha correta em posição corretamente Yin fazer: submeter-se, curvar-se à sua
situação,.
Curvar-se
permite a plenitude
Submeter-se
permite a retidão
Esvaziar-se
permite o preenchimento (7)
___ ___
___ ___ A Quinta
Linha
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
A Quinta Linha é a Linha do rei,
da consciência iluminada que a tudo rege no universo. Por se encontrar no
Trigrama do Céu do Hexagrama K’un, A
Terra, A Humildade, O Receptivo,
a Quinta Linha também não se revela ao mundo, mantendo uma atitude Yin e interiorizada. Isso não significa,
porém, que não possua sua Luz intrínseca, sua consciência iluminada. Por isso,
o I Ching diz: "Roupa de baixo amarela traz suprema
boa fortuna"
Quando do momento do eclipse total
do sol, seu disco se torna totalmente negro, encoberto pela Lua que esconde o brilho escandalosamente amarelo do sol! O I Ching comenta
esse instante maravilhoso através do texto de sua Quinta Linha de K’un, O Receptivo.
Esse é o momento do Êxtase
Espiritual, quando Sol e Lua, ou seja, O Espírito e O Sopro Primordial se
fundem, trazendo a Fixação e posteriormente, o Elixir da Vida... Dessa forma, a
Entrada no Vazio se dá com a Plenitude da Luz interiorizada na Não-Luz...
A Humildade é a maior Virtude do
Homem Sagrado. Quando o Caminhante se encontra no Caminho da Imortalidade – já
tendo adquirido sua Iluminação – ele começa a processar em seu Caldeirão (seu
corpo físico) o Feto Sagrado, aquela energia de Luz que cresce até
transmutar-se em Corpo de Luz ou Corpo Solar.
Para que tudo isso possa acontecer
sem desviar o Caminhante de seu Caminho do Céu, a conduta baseada na Humildade
é a Virtude, Te, para a realização do Tao, O Caminho.
Sendo assim, a Quinta Linha do
Hexagrama K’un, O Receptivo, é
extremamente apropriada e iluminada – mesmo não sendo idealmente correta (Linha
Yin em posição Yang).
(*) O amarelo é a cor da
Terra. A Terra se encontra no centro dos quatro elementos e pontos cardeais e
representa a Fidelidade:
- A leste,
encontra-se Chen, o Trovão, com
as cores azul ou verde, tendo como elemento (junto com Sun, O Vento) a
madeira e representando o Amor e a Bondade
- Ao sul, encontra-se
Li, O Fogo, com a cor vermelha,
tendo como elemento o fogo e representa os Costumes e a Polidez
- Ao oeste,
encontra-se Tui, O Lago, com a
cor branca, tendo como elemento o metal e representando a Justiça
- Ao norte,
encontra-se K’an, A Água, com a
cor preta, tendo como elemento a água e representando a Sabedoria.
Conhecendo
o masculino, resguardando o feminino
Sendo a
ravina sob o céu
Sem se
afastar da Virtude Eterna
Retornará
a ser criança
...........................
Conhecendo
a glória, resguardando a humildade
Sendo o
vale sob o céu
Sendo o
vale sob o céu, completará a Virtude Eterna
R
retornará a ser a madeira bruta (8)
___ ___ A Sexta Linha
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
A Sexta Linha é Yin e idealmente correta. É a Linha do
mestre, aquele que se retira após galgar todas as etapas de seu Caminho do Céu,
com a consciência iluminada e infinita e possivelmente com vida infinita já
conquistada...
Em K’un, O Receptivo, no entanto, existe uma advertência quanto ao
fato de a Sexta Linha não ter a consciência de seus limites e tentar,
indefinidamente, manter a Não-Luz em si mesma, não se deixando transmutar em
Luz ou em se transmutar para a realização de um novo Hexagrama.
Sendo a Sexta Linha a Linha final,
a finalização do Hexagrama e o cume do Trigrama do Céu, dentro do Hexagrama K’un, A Terra, O Receptivo, são chamados
então representantes do Céu para virem à Terra e convencerem a Sexta Linha a se
retirar – para dar início a um novo tempo, ao Retorno da Luz, como já vimos
prenunciando desde a Primeira Linha que já antecipava a vinda de Fu, o Retorno da Luz.
Por isso, o I Ching diz: "Dragões lutando no prado. Seu sangue
é negro e amarelo."
Dragões são os representantes do
Céu. O prado é o lugar da Terra. O sangue amarelo é o sangue da Terra que
acolhe esses dragões enquanto o sangue negro é o Perigo advindo de K’an, A Água, que traz consigo a cor
negra.
No Mapa do Mundo da
Não-Manifestação ou Céu Anterior, K’un, A
Terra, ocupa a posição do inverno, o ponto final do andamento aparente do
sol – dentro do Rio Amarelo – em seu percurso anual de noroeste a sudoeste....
Assim é que quando chega o
inverno, o sol atinge seu ponto máximo em direção ao sudoeste – para o
hemisfério norte na parte da tarde, com o por do sol). A partir desse ponto
máximo, o sol RETORNA, ou seja, ele inicia seu Caminho do Céu rumo ao noroeste
– quando chega o verão.... Esse retorno é inevitável, inexorável.... Por isso
que o I Ching na Sexta Linha enfatiza o confronto entre o Céu e a Terra; é o
momento do Revirão, do Oito do Sol, do Eterno Retorno.
O
retorno é o movimento do Caminho (9)
No Mapa do Mundo da Manifestação,
ou Céu Posterior, K’un, A Terra,
assume seu lugar manifestado no sudoeste (andamento máximo do sol no poente do
inverno) enquanto Ch’ien, O Céu,
assume seu lugar manifestado no noroeste (andamento máximo do sol no poente do
verão). (Sempre para o hemisfério norte, sendo o inverso para o hemisfério
sul).
É portanto, K’an, A Água, O Abismal, O Mistério, O Perigo, A Sabedoria, aquele
que assume a posição de inverno, do norte, do final dos finais para que o novo
começo possa surgir. Assim, sendo o negro a cor de K’an, A Água, ela se confunde com o amarelo, cor da Terra, na luta dos dragões celestes e terrestres, para se
fazer acontecer Fu, O Retorno da Luz
com a promessa de que o Caminho do Céu é uma realidade.
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
___ ___
_______
Fu, o Retorno da Luz
Fu, O Retorno da Luz, é a consciência iluminada, é a
Iluminação que surge quando o Vazio, a Não-Luz Suprema, tenha cumprido suas
seis etapas e permitido a sétima etapa acontecer....
Também podemos inferir que o negro e o amarelo sejam o momento mágico do eclipse total do sol, quando o disco
negro da Lua esconde o amarelo-ouro do Sol. São momentos maravilhosos que, no entanto,
duram pouco, no máximo, sete minutos! Inexoravelmente, A Lua continua seguir
seu caminho e o sol também...
Quando, no Oráculo, o Caminhante
consegue seis Linhas mutáveis, o I Ching diz: "A perseverança constante é favorável"
A perseverança constante de K’un, A Terra, significa realizar todos
os 64 Encontros ou Hexagramas do Caminho do Céu!
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
___ ___ _______
O Filhos
K’un, A Terra Ch'ien, o Céu
O céu é
constante, a terra é duradoura
O que
permite a constância e a duração do céu e da terra
É o não
criar para si
Por isso
são constantes e duradouros
Assim,
O Homem
Sagrado deixa seu corpo para trás
E o
Corpo avança
Além do
corpo, o Corpo permanece
Através
do não-corpo, conclui o Corpo (10)
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward

Síntese
de K'un, a Terra, o Receptivo
A Terra recebe a Terra,
formando K'un, O
Receptivo, A Mãe, A Terra, O Devocional
Em seu primeiro encontro, K’un, A
Terra , A Mãe, O Vazio, O Receptivo, A Não-Luz, O Abranger, O Devocional, A
Perseverança, O Obscuro, recebe a Si Mesma, formando o Hexagrama K’un, O Receptivo.
___ ___
___ ___
___ ___ Trigrama
do Céu em K'un, A Terra
___ ___
___ ___
___ ___ Trigrama
da Terra em K'un, A Terra
Quando K'un, A Terra, inicia seu Caminho do Céu recebendo a si mesma,
também faz desenrolar o Fio da Meada, ou seja, a partir deste momento, o Vazio
dá berço à Criação e todos os Hexagramas - os 62 restantes perfazendo a
totalidade dos encontros entre Mãe, Pai e Filhos - até a realização final que é
o encontro do Ch'ien, O Céu, O Criativo, consigo
mesmo, finalizando, dessa forma, O Caminho do Céu e dando início ao retorno ou
Caminho da Terra.
Essa é a Harmonia do Universo.
Lao Tse nos diz, em seu Capítulo
10 do Tao Te Ching:
O que
gera e cria,
Gera mas
sem se apossar
Age sem
querer para si
Cultiva
mas sem dominar
Chama-se
“Misteriosa Virtude”
Assim são Céu e Terra, Ch'ien e
K'un, Luz e Não-Luz. Seja no I Ching do
Céu Anterior - separados por todo o Caminho do Céu - ao longo de 62 Hexagramas
entre eles. Seja no I Ching do Céu
Posterior - onde estão lado a lado, o Céu é o Um, o Uno, e a Terra, é o Dois, o
Tai Chi.
A essência da Terra, de K'un, é a
Receptividade. A essência do Céu, de
Ch'ien, é a Criatividade. O Criativo é
forte e o Receptivo é dócil. Desta
harmoniosa fusão entre o Sublime Yang e o Sublime Yin, nascem todos os seres e
toda a natureza: a Criação.
Ao longo do Caminho do Céu,
veremos K'un, a Terra, a Não-Luz, exercendo a Receptividade da Luz intensa de
Ch'ien, o Céu, a Luz, através a Criação de seus Hexagramas próprios e dos
Hexagramas realizados por seus Filhos, até que, finalmente K'un, a Mãe,
abnegadamente, encontra-se com Ch'ien, o Pai, o Criativo, e o faz realizar a
ratificação, a confirmação, ao longo do Caminho da Terra, de toda a Vida doada
aos Hexagramas criados pelo Céu, através seus Filhos até encontrar-se com K'un,
a Terra, a Não-Luz.
Tudo isso acontece dentro do Mundo
da Não-Manifestação e todo o tempo estaremos diante da Receptividade de K'un, a
Terra, a Não-Luz à Luz de Ch'ien, o Criativo, a Luz da doação da Vida advinda
do Tao da Criação.
Ch'ien, o Céu, inaugura o I Ching
do Mundo Manifestado, ocupando o lugar do primeiro Hexagrama, tendo em
seguimento, K'un, a Terra, como o segundo Hexagrama. Pai e Mãe dão, dessa maneira, prosseguimento
às suas criações já manifestadas, trazendo novamente todos os seus filhos à cena
e os conduzindo, juntos, através do Caminho do Céu.
Novamente estaremos diante do
Criativo com sua Luz radiante e do Receptivo com sua Não-Luz abnegada.
Por tudo isso, o Hexagrama K'un, o
Receptivo, trata tão somente desta Receptividade, desta Devoção, desta
Abnegação, desta Docilidade: antes de dirigir a vida (um Atributo de Ch'ien, o
Céu, o Criativo, a Luz), é preciso cultivar o caráter - a essência do Wei Wu
Wei, a Ação-dentro-da-Não-Ação. No I
Ching, podemos ler: ................ Todos os seres lhe devem o
nascimento (através K'un, a Mãe), porque ele recebe o elemento celestial
com devoção.
No Hexagrama K'un, o Receptivo, a Terra
Repetida indica sua solidez, a qual é necessária para que possa entregar-se,
sem perder sua essência. Assim também o
homem deve possuir força interior, um caráter sólido, e amplitude de visão para
que possa suportar o mundo sem ser por ele influenciado.
Esta solidez é realizada através o
Trigrama de K'un, a Terra, a Mãe, bem como o fato de que seu movimento é
intensamente descendente. Assim, quando
o Trigrama da Terra, K'un, faz parte do Trigrama da Terra - em qualquer um dos
Oito Hexagramas aos quais traz a estruturação - esta solidez se faz presente. Quando o Trigrama da Terra, em K'un, a Mãe,
faz parte do Trigrama do Céu - no caso do Hexagrama ora comentado, em K'un, a
Terra, o Receptivo - é certo que também esta solidez aliada ao movimento
intensamente descendente acontece!
A Linha Governante é a Segunda
Linha - Lugar Yin do Homem da Terra no Trigrama da Terra.
E os Trigramas Nucleares inseridos
são também a Terra repetida, K'un, a Não-Luz - reforçando o Tema da
Receptividade, da Abnegação, da Devoção, do Povo, da Solidez e do Movimento
Descendente.
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward

Tao Te Ching , O Livro do Caminho
e da Virtude – Lao Tsé
1.
Capítulo 4
2.
Capítulo 9
3.
Capítulo 37
4.
Capítulo 10
5.
Capítulo 6
6.
Capítulo 21
7.
Capítulo 64
8.
Capítulo 22
9.
Capítulo 28
10.
Capítulo 40
11.
Capítulo 7
Traduzido por Wu Jyh Cherng –
Editora Ursa Maior
(*) Extraído da transcrição
realizada pela autora de aula
ministrada por Wu Jyh Cherng sobre o Capítulo 12 do Tao Te Ching em agosto de
1994: O amarelo é a cor da Terra. A Terra se
encontra no centro dos quatro elementos e pontos cardeais e representa a
Fidelidade:
- A leste,
encontra-se Chen, o Trovão, com
as cores azul ou verde, tendo como elemento (junto com Sun, O Vento) a
madeira e representando o Amor e a Bondade
- Ao sul,
encontra-se Li, O Fogo, com a
cor vermelha, tendo como elemento o fogo e representa os Costumes e a
Polidez
- Ao oeste,
encontra-se Tui, O Lago, com a
cor branca, tendo como elemento o metal e representando a Justiça
- Ao norte,
encontra-se K’an, A Água, com a
cor preta, tendo como elemento a água e representando a Sabedoria.
O I Ching, O Livro das Mutações
Tradução do chinês para o alemão,
introdução e comentários de Richard Wilhelm
Tradução para o português de
Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Correa Pinto
Editora Pensamento – São Paulo,
Brasil
I Ching,
Alquimia dos Números - Wu Jyh Cherng
Editora
Objetiva - Rio, Brasil, hoje publicado pela Editora Mauad, São Paulo